Tudo sobre Tuberculose

Nos últimos anos, o aparecimento de cepas multirresistentes colocou a tuberculose novamente em destaque entre as doenças infectocontagiosas. Saiba mais!

A tuberculose (TB) é uma infecção bacteriana grave, transmitida pelo ar e causada pela bactéria (bacilo de Koch – BK) Mycobacterium tuberculosis. Nos últimos anos, o aparecimento de cepas multirresistentes colocou a tuberculose novamente em destaque entre as doenças infectocontagiosas. Estima-se que um terço da população mundial esteja infectada pelo bacilo da TB e que destes, 30 milhões de pessoas morrerão nos próximos 10 anos.

Neste contexto, a tuberculose continua a merecer especial atenção dos profissionais de saúde e da sociedade como um todo. Apesar de já existirem recursos tecnológicos capazes de promover seu controle, ainda não há perspectiva de obter-se, em futuro próximo, sua erradicação, a não ser que novas vacinas ou tratamentos sejam descobertos.

A transmissão é direta, de pessoa a pessoa, principalmente através do ar. Ao falar, espirrar ou tossir, o doente de TB pulmonar lança no ar gotículas, de tamanhos variados, contendo o bacilo.

A tuberculose pulmonar pode ser primária ou secundária.

TB pulmonar primária é a que aparece consecutivamente com a infecção inicial pelo BK. Após a infecção, geralmente aparece uma lesão periférica que leva a adenopatias hiliares ou paratraqueais que podem passar despercebidas na radiografia de tórax. Na maioria dos casos, a lesão cicatriza espontaneamente e pode ser descoberta por um pequeno nódulo calcificado (lesão Ghon). A TB pulmonar secundária ocorre devido à reativação endógena da tuberculose latente, e é geralmente localizada nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores, onde a alta concentração de oxigênio promove o crescimento de micobactérias. Também são afetados os segmentos superiores dos lobos inferiores. O grau de doença parenquimatosa varia muito, desde pequenos infiltrados até um processo cavitário extenso. Quando afeta maciçamente um segmento ou lobo do pulmão, devido à confluência de várias lesões, o resultado é uma pneumonia tuberculosa.

O tratamento da TB permanece sendo um desafio em função da necessidade de que, em sua abordagem, seja considerado o contexto da saúde do indivíduo e da saúde coletiva. Adicionalmente, as questões sociais e econômicas têm-se mostrado como variáveis a serem consideradas na efetividade do tratamento.

Embora a eficácia do esquema antituberculose seja de até 95%, a efetividade do tratamento (pacientes que se curam ao final do tratamento em condições de rotina) varia muito de acordo com o local, estando em torno de 70% (50-90%) na média nacional. Uma das causas associadas à baixa efetividade é a falta de adesão, que pode ocorrer em três níveis:

  • Abandono do tratamento (paciente para de usar todos os medicamentos);
  • Uso errado dos medicamentos (paciente usa alguns dos medicamentos prescritos);
  • Uso irregular dos medicamentos (paciente toma os medicamentos alguns dias da semana, mas não todos os dias).

 

Os problemas de adesão são os responsáveis tanto pela falência terapêutica quanto pela seleção de germes resistentes e recidiva de doença. Visando aumentar a adesão ao tratamento da tuberculose e reestruturar os serviços de saúde, desde o início da década de 90, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a adoção da estratégia directly observed treatment, short course (DOTS, tratamento diretamente observado de curta duração). A estratégia DOTS inclui cinco elementos:

  1. Compromisso político e apoio financeiro para a manutenção das atividades de controle da tuberculose.
  2. Identificação dos casos de tuberculose através da baciloscopia do escarro de sintomáticos respiratórios.
  3. Esquema de fármacos antituberculose padronizado e administrado através de programas de tratamento diretamente observado (TDO) pelo menos nos dois primeiros meses de tratamento.
  4. Garantia do suprimento regular dos medicamentos antituberculose.
  5. Sistema de notificação e avaliação dos resultados do tratamento de cada paciente e do programa de controle de tuberculose como um todo.

 

REFERÊNCIAS

Nogueira et al. Tuberculose: uma abordagem geral dos principais aspectos. Rev. Bras. Farm. 93(1): 3-9, 2012

RABAHI, Marcelo Fouad et al. Tratamento da tuberculose. J. bras. pneumol. [online]. 2017, vol.43, n.6 [citado 2019-03-20], pp.472-486. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132017000600472&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1806-3713.  http://dx.doi.org/10.1590/s1806-37562016000000388.

Tuberculose: Guia de Vigilância Epidemiológica. J. bras. pneumol. [online]. 2004, vol.30, suppl.1, pp.S57-S86. ISSN 1806-3713.  http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132004000700003.

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