Conjuntivite viral vs. bacteriana: diferenças e estratégias de tratamento


Quem nunca acordou e, ao olhar-se no espelho, notou que está com os olhos vermelhos, coçando e/ou ardendo? Isso é comum de ocorrer e pode ter uma série de causas, entre elas a conjuntivite – que pode ser viral ou bacteriana.

Você sabia disso? Não! Pois é, não existe apenas um tipo de conjuntivite, por mais que olhos vermelhos, irritados e lacrimejantes sejam sinais comuns a essa afecção!

Na conjuntivite bacteriana, por exemplo, um dos sintomas é a ocorrência de uma secreção amarelada, que aparece em grande quantidade. Na contramão, a conjuntivite do tipo viral produz uma secreção esbranquiçada e em volume moderado.

Então no artigo de hoje, vamos conhecer as diferenças entre a conjuntivite viral e a conjuntivite bacteriana, os sintomas de cada uma e o tratamento mais indicado.

Conjuntivite

O que é conjuntivite?

Conjuntivite significa “inflamação da conjuntiva” – tecido ocular composto de uma camada de epitélio escamoso não queratinizado e de uma lâmina própria, rica em vasos sanguíneos.

Esse tecido recobre o globo ocular humano em toda a sua extensão da esclera até o limbo – que é a região anelar entre a córnea e a esclera. Chamada conjuntiva bulbar, podendo a conjuntivite afetar toda essa área e também a parte interior das pálpebras.

Toda conjuntivite se manifesta com hiperemia conjuntival (aumento do fluxo sanguíneo nos olhos) durante a inflamação pois, durante a afecção, histaminas são libertadas no sangue, fazendo com que os vasos sanguíneos oculares se expandam.

Isso faz com que a conjuntiva fique avermelhada, mas nem todos os casos de hiperemia conjuntival representam conjuntivites. Em geral se pensa que apenas os olhos estarem vermelhos e liberando secreção trata-se de conjuntivite.

Porém é necessário consultar um oftalmologista para ter um diagnóstico mais fidedigno através de um exame físico minucioso, para iniciar o tratamento de forma correta e mais indicada de acordo com o tipo de conjuntivite: bacteriana ou viral.

Como diferenciar a conjuntivite viral e bacteriana?

Ao confirmar o caso de conjuntivite, o próximo passo é diferenciar a viral da bacteriana – mas já alertamos que não há forma de se fazer essa diferenciação clínica com precisão, sem auxílio de exames laboratoriais.

Mas cada variação da conjuntivite apresenta sintomas característicos e que demandam tratamento específico, como você verá nos tópicos seguintes.

Conjuntivite viral

Estima-se que seja a causa mais prevalente de conjuntivites e pode ser causada por diferentes tipos de vírus, como:

  • Adenovírus;
  • Herpesvírus;
  • Enterovírus.

Sendo altamente contagiosa e transmitida através do contato direto com secreções oculares de uma pessoa infectada ou por meio de objetos contaminados (toalhas, lenços, utensílios de maquiagem).

Sintomas

A sensação de “areia” nos olhos é bastante frequente, aliada a hiperemia conjuntival (vermelhidão nos olhos), inchaço das pálpebras e olhos grudados por secreção ao acordar,

Mas no tipo viral, a secreção presente nestes casos, difere da causada por bactérias, sendo mais mucosa ou aquosa, muitas vezes mais parecida com um hiper lacrimejamento do que uma secreção em si, apesar de ser comumente identificada como pus.

A conjuntivite viral geralmente começa em um olho e após alguns dias se espalha para o outro, acometendo ambos os olhos, com o segundo olho apresentando os sintomas entre 24 a 48 horas após o primeiro.

Podem ocorrer a presença de membranas, às vezes difíceis de enxergar a olho nu, assim como quemose conjuntival (inflamação no olho que ocorre pelo inchaço da conjuntiva).

Tratamento

Por tratar-se de uma doença com curso autolimitado – ou seja, que vai melhorando gradativamente ao longo de uma ou duas semanas – não apresenta a necessidade de um tratamento específico antiviral nesses casos.

Porém, o tratamento é recomendado especialmente para melhora da inflamação e alívio dos sintomas, indicando-se o uso de compressas frias com água ou soro fisiológico para diminuir o vermelhidão e a coceira. Também o uso de colírios lubrificantes, descongestionantes e/ou anti-histamínicos oculares para oferecer melhor conforto ao paciente.

Conjuntivite bacteriana

É um tipo de conjuntivite bem menos comum comparada à viral, pois existem apenas cinco tipos de bactérias que podem infectar nossos olhos, sendo as mais comuns:

  • Staphylococcus aureus;
  • Streptococcus pneumoniae;
  • Haemophilus influenzae.

Ela também é contagiosa, mas geralmente requer um contato mais próximo com a pessoa infectada ou com objetos contaminados. Porém, apenas um toque é o suficiente, então é ideal evitar coçar os olhos ao tocar em pessoas contaminadas.

Apesar de o olho ser o principal órgão afetado, a secreção pode aparecer em todas as partes do corpo em grande quantidade e de aparência purulenta e espessa. Sem tratamento adequado, esse tipo de conjuntivite pode durar semanas.

Sintomas

Olhos vermelhos e que amanhecem “grudados” ao despertar são as queixas mais comuns. O inchaço palpebral também é comum de se manifestar.

A conjuntivite bacteriana tende a ser unilateral, mas pode afetar um ou ambos os olhos desde o início e os sintomas tendem a persistir até que o tratamento seja administrado, ao contrário do tipo viral, que tende a melhorar mesmo sem medicação.

A característica clínica mais marcante dessa conjuntivite  é a presença de grande quantidade de secreção purulenta e bastante espessa, de forma que percebe-se essa secreção depositada nas margens das pálpebras e nos cantos dos olhos e que reaparece poucos minutos após a limpeza dos olhos.

Tratamento

Feito em geral com colírios ou pomadas antibióticas, ajudando a reduzir o tempo dos sintomas clínicos e também o período de transmissão, durando de 5 a 7 dias.

É importante usar os medicamentos indicados pelo tempo recomendado, mesmo que os sintomas apresentem melhora antes da finalização do ciclo recomendado pelo oftalmologista.

Conjuntivites podem incorrer em complicações?

Embora a maioria dos casos de conjuntivite, tanto viral quanto bacteriana sejam leves e resolvam-se sem complicações, alguns casos raros podem sim ter agravos sem o tratamento adequado.

O tipo viral pode levar ao desenvolvimento de ceratite – uma inflamação da córnea, enquanto a bacteriana, se não tratada, pode causar infecções mais graves, como a celulite periorbitária, ou ainda evoluir para uma úlcera de córnea e perda da visão para casos crônicos.

Então, fique atento para que não haja maiores preocupações ou haja suspeita e sintomas característicos de conjuntivite. Não hesite em fazer uma consulta ao oftalmologista, pois somente ele poderá determinar o tipo e gravidade da infecção e prescrever o diagnóstico correto.

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