Crianças: para fazer exame de sangue precisa estar em jejum?

Os exames de sangue em crianças são essenciais para prevenir doenças e obter diagnósticos precoces. Fazer o check-up infantil é tão importante quanto na vida adulta, e na lista de testes podemos incluir o do pezinho, que é obrigatório para recém-nascidos, assim como o do olhinho, do coração, hemograma, colesterol, exames de urina e de fezes. 

Em meio a tantos exames, uma dúvida comum entre mães, pais e responsáveis é se, no caso das crianças, para fazer exame de sangue precisa estar em jejum. 

Essa questão é bastante frequente em consultórios médicos e laboratórios porquê a coleta de sangue em bebê e também nos maiorzinhos costuma ser uma experiência que envolve dor, medo, horas sem se alimentar, desconforto e choro. 

Neste conteúdo, vamos te explicar com detalhes se realmente é preciso jejum para fazer exame de sangue em crianças, quais análises ainda exigem algumas horas sem ingestão de alimentos e líquidos e quais são testes básicos indicados na infância. Confira!

Para fazer exame de sangue precisa estar em jejum?

A verdade é que não precisa ser assim. O exame de sangue mais solicitado pelos pediatras é o hemograma, e ele é um exemplo clássico que não requer nenhum minuto de jejum para que seja obtido um resultado fidedigno.

O fato é que a exigência do jejum caiu para boa parte dos exames de sangue. Mas, então, por que ele era exigido antes? 

O jejum prévio servia para garantir a padronização do sangue e impedir que algumas substâncias presentes nos alimentos provocassem alteração nos resultados. Contudo, novos estudos científicos descobriram que as dosagens de alguns tipos de exames, como o de colesterol, não eram mais afetadas. Além, é claro, da qualidade técnica dos exames, que evoluiu bastante nos últimos anos.

menina com máscara no colo em laboratório se preparando para fazer exame de sangue.
Exigência do jejum caiu para a maioria dos exames de sangue em crianças.

Atualmente, os exames de sangue para crianças e adultos que não exigem mais jejum são:

  • Anti-HIV
  • Bilirrubina
  • Cálcio
  • Coagulograma
  • Colesterol
  • Creatinina, soro
  • Ferritina
  • Fezes
  • Hemograma
  • Hepatite B
  • Hormônio tireoestimulante (TSH) — para avaliação da função da tireoide
  • Magnésio
  • Potássio
  • Sódio
  • Sorologias para rubéola e toxoplasmose
  • T3, T4 — para avaliar a tireoide
  • Transaminase Glutâmico Oxalacética (GOT) — para analisar o funcionamento do fígado
  • Transaminase Glutâmico Pirúvica (GPT) — para investigar problemas no fígado
  • Triglicerídeos
  • Ureia
  • Urina

Sobre o exame de urina, não há mais necessidade que seja colhida a primeira da manhã. Porém, existe uma particularidade: o paciente deve permanecer duas horas sem fazer xixi antes da coleta.

Quanto ao hemograma, um dos mais populares, analisa informações sobre os componentes do sangue, tais como plaquetas e glóbulos vermelhos e brancos. É um teste que consegue detectar se há alguma alteração no organismo, como uma infecção.  

Esses exames que não exigem mais jejum também permitem que os pediatras saibam se há presença de anemia e vermes.

Vale ressaltar que cada criança é única e deve ser tratada observando suas individualidades. E isso também se aplica aos pedidos de exames laboratoriais, que variam caso a caso.

menino em laboratório coletando sangue para exames.
Para fazer exame de sangue, hemograma, precisa estar em jejum? Não, não é mais necessário.

Veja alguns exemplos abaixo.

Exame de perfil lipídico

Este tipo de análise laboratorial avalia o metabolismo das gorduras no sangue, medindo os níveis de colesterol total, colesterol LDL (o ruim) e HDL (o bom) e triglicerídeos das crianças e dos adultos.

Índices fora do padrão podem representar risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como infarto, AVC e trombose venosa. Daí a importância do acompanhamento periódico do perfil lipídico.

E precisa fazer jejum? Desde 2016, há um novo consenso da comunidade médica sobre o assunto. O jejum não é mais obrigatório para esse tipo de exame, e a indicação fica a critério do pediatra. Até então, eram exigidas 12 horas de jejum para realizar esses exames. 

No entanto, o jejum segue sendo recomendado para pacientes “com triglicerídeos acima de 440 mg/dL, com histórico de pancreatite hipertrigliceridêmica ou quando a ingestão de alimento afetar outro exame dosado simultaneamente”, salienta a Sociedade Brasileira de Pediatria

Quais exames precisam de jejum?

A coleta de sangue para exames que medem os níveis de ferro e glicemia ainda precisam de oito horas de jejum. 

Mães, pais e responsáveis devem respeitar o período exigido de jejum das crianças para os procedimentos. É importante que o tempo sem se alimentar fique o mais próximo possível do recomendado, pois se for muito longo, mais gorduras e proteínas serão consumidas pelo organismo. Esse movimento, possivelmente, vai gerar alterações nos resultados e até induzir um diagnóstico equivocado. 

Então, se o jejum necessário é de oito horas, o ideal é que os pacientes sejam orientados a não ultrapassar esse tempo.

Outros exames que necessitam de jejum são:

  • Curva de lactose
  • Curvas glicêmicas
  • Peptídeo C
  • Teste D-Xilose — relacionado à doença celíaca

Outra regra importante, mas pouco conhecida, é que para crianças de até 6 anos, dispensam-se longos períodos de jejum e a coleta é realizada o mais próximo possível da alimentação seguinte.

As regras também podem sofrer alterações de acordo com o pedido do pediatra. Mesmo que o jejum seja dispensável, por exemplo, o médico pode solicitar que o exame seja feito com abstinência de alimentos, e cabe tanto ao responsável pela criança quanto ao laboratório seguir a orientação.

profissional de saúde e criança com máscara em laboratório para coleta de sangue para exames.
Alguns exames de sangue ainda exigem jejum para coleta.

O que quebra o jejum?

Todo alimento, com exceção da água. Se o exame que a criança precisa fazer exige jejum, ela não deve se alimentar e nem ingerir chás, sucos, refrigerantes, leite, entre outros. Isso porque algumas substâncias presentes em comidas e bebidas podem alterar os resultados dos testes. 

Portanto, quando agendar a coleta de sangue, sempre pergunte ao laboratório qual a preparação para aquele exame. 

Se a criança faz uso contínuo de algum medicamento, somente o médico é capaz de dizer que a administração deve ser suspensa para a realização do exame de sangue. 

Ainda que não aplique comumente às crianças, vale lembrar também que no caso da prática de exercícios físicos, a recomendação é que sejam feitos somente após a coleta. 

Qual o melhor horário para fazer exame de sangue em criança?

Mães, pais e responsáveis podem achar que todos os exames laboratoriais infantis devem ser feitos preferencialmente pela manhã. Mas não! Acordar cedo demais pode alterar o padrão de sono dos pequenos e transformar a coleta em uma enorme e desnecessária dor de cabeça.

A maioria dos exames não precisa ser realizada exclusivamente no período da manhã por dispensarem o jejum completamente ou por necessitarem somente de poucas horas sem se alimentar. Em bebês e crianças, as coletas de sangue podem ser feitas no intervalo entre uma mamada e outra ou entre as refeições principais.

Exames para dosagem de ferro e dos hormônios ACTH, cortisol e CTx devem ser feitos, preferencialmente, pela manhã. Isso porque há substâncias que sofrem variação ao longo do dia e atingem nível máximo nas primeiras horas da manhã. Cortisol e ACTH, por exemplo, devem ter as coletas realizadas entre 7h e 9h. Já a medição do ferro deve ser feita até as 10h.

Assim, caso o bebê ou a criança precise realizar exames laboratoriais, o mais importante é que haja informação e orientações adequadas, evitando ficar em jejum sem necessidade e, principalmente, humanizar os cuidados diante da coleta, sem gerar traumas.

Quais são os exames de rotina para crianças?

Alguns exames de sangue para crianças deveriam fazer parte da rotina e ser realizados a partir de 1 ano de idade e repetidos aos 2 e aos 5 anos, conforme orientação de entidades médicas, entre elas a Sociedade Brasileira de Pediatria. 

Entretanto, essa recomendação não é regra, e a frequência das coletas também varia conforme o histórico familiar, como se há parentes próximos com doenças cardiovasculares (hipertensão, AVC e infarto) e diabetes.

Confira, a seguir, quais exames básicos devem fazer parte do check-up infantil!

Hemograma

É o exame de sangue mais popular. Ele mostra a quantidade de glóbulos vermelhos, leucócitos e plaquetas e serve para avaliar o quadro de saúde geral da criança. 

O hemograma também é capaz de identificar sinais de infecções, leucemia, anemia, alergia e hemorragia.  

Exame de urina

É um dos exames mais solicitados nos consultórios médicos. Serve para verificar se há infecções e perda de proteínas, o que pode levar à desnutrição. 

Exame de fezes

Serve para identificar doenças e infecções, assim como a presença de parasitas e de sangue oculto. 

Glicemia e insulina

O diabetes infantil tornou-se uma emergência de saúde global. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os diagnósticos da doença vêm crescendo entre as crianças e, agora, já há registros inéditos de diabetes tipo 2 (causado por excesso de peso e sedentarismo) nesse público — até então, ele era restrito a adultos. 

Esses exames devem estar na rotina das crianças, uma vez que são capazes de identificar anomalias nos níveis de glicemia, acendendo o alerta para o diabetes. 

Colesterol e triglicerídeos

Exames de perfil lipídico fazem parte da lista básica de um check-up infantil, especialmente se há histórico de doenças cardiovasculares na família.   

Agora, você já sabe que a maioria dos exames de sangue para crianças não exige mais o jejum antecipado. De qualquer forma, certifique-se com o laboratório no momento de agendar as coletas e também com o pediatra.

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